Only Beautiful, Please

Não tarda, (mas se tardar, não passa!) veremos nas nossas telas pixeladas o primeiro míssil balístico Fateh-110 disparado de dentro de um silo subterrâneo nas montanhas de Jezzine, no Líbano. Enquadrado num vídeo com as cores verde e amarelo do Hezbollah, numa sequência tosca e previsível de close-up, close-out e câmera-lenta, câmera-rápida. 

O alvo? Atente que se alvo é aquilo que encontra duramente o míssil, o alvo certamente será um interceptador Tamir. Quando explodirem juntos, o soco gritado tão alto será, que o próprio Hassan Tehrani Moghaddam o escutará lá nos idos de 1985 no Irã da "grande guerra imposta". O som não será barulho, mas a bela canção com as letras:

Nothing to envy
Our father, Marshal Kim Il-sung
Our home, in the bosom of the Party
We are all brothers and sisters
We have nothing to envy in this world
My Fatherland has nothing to envy

 


A gaiola das loucas dos golfos

Os opositores do atual governo israelense, criticam o primeiro-ministro por ter na década de 2010 autorizado a entrega  de milhões de dólares do Qatar para financiar Gaza no geral e o Hamas no particular. Explodem-se de raiva, com razão, por tal política ter levado ao fortalecimento daquele que era o principal inimigo de Israel até o mês passado. Mas é uma fúria calculada, não demais a ponto de revolver o passado mais a fundo. Então, deixe-me fazer isso por eles.

O ano é 1985. No Golfo Pérsico, o conflito entra na fase da "guerra das capitais", onde  Saddam ataca Teerã com mísseis SCUD comprados diretamente da União Soviética ... e o Irã revida sobre Bagdá com mísseis Hwasong-5: cópias do SCUD produzidas pela Coréia do Norte. 

Ataques à mais baixa altitude afetam outras grandes cidades dos dois países, realizados por aviões Mirage e Phantom F4. Que talvez você tenha percebido, não são nomes árabes ou persas, obviamente. Nada de absurdo demais o Irã contar com caças norte-americanos no seu arsenal, porque foram adquiridos antes da revolução. Mas grande parte dos ataques iraquianos foram detidos não pelos ases iranianos, mas sim por baterias de mísseis antiaéreos MIM-23 Hawk comprados ... depois da revolução.

Mais precisamente, tais mísseis foram fornecidos por Israel em 1985 e 1986, a pedido dos Estados Unidos. Através de um esquema que usava fundos desviados de uma operação de tráfico de drogas e armas, conduzida em favor dos abomináveis "Contras" na Nicarágua. O principal operador dessa rota de tráfico e um dos delatores do esquema inteiro, foi Barry Seal. Traficante que mantinha sua operação de distribuição de drogas na costa do Golfo do México. Outro golfo marítimo entupido de conflitos, armas e petróleo.

Quem hoje considera a política externa de Biden como errática, dissonante ... Deveria dar uma olhadinha na história do governo Reagan. O mesmo retrospecto histórico valeria para aqueles que consideram Netanyahu a raiz de todos os problemas de Israel, porque Ali Khamenei hoje vive graças a Menachem Begin, o pai político do atual primeiro-ministro.

Conforme inúmeras fontes, nessas incluindo o próprio Ariel Sharon, o comércio de armas Israel-Irã durante os desesperadores dois primeiros anos da guerra, foram fundamentais para evitar a vitória de Saddam. Salvaram a pele do Aitolá com mísseis, canhões, obuses e principalmente, peças para manutenção de aviões.





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