Postagens

Only Beautiful, Please

Imagem
Não tarda, (mas se tardar, não passa!) veremos nas nossas telas pixeladas o primeiro míssil balístico Fateh-110 disparado de dentro de um silo subterrâneo nas montanhas de Jezzine, no Líbano. Enquadrado num vídeo com as cores verde e amarelo do Hezbollah, numa sequência tosca e previsível de close-up, close-out e câmera-lenta, câmera-rápida.  O alvo? Atente que se alvo é aquilo que encontra duramente o míssil, o alvo certamente será um interceptador Tamir. Quando explodirem juntos, o soco gritado tão alto será, que o próprio Hassan Tehrani Moghaddam o escutará lá nos idos de 1985 no Irã da "grande guerra imposta". O som não será barulho, mas a bela canção com as letras: Nothing to envy Our father, Marshal Kim Il-sung Our home, in the bosom of the Party We are all brothers and sisters We have nothing to envy in this world My Fatherland has nothing to envy   A gaiola das loucas dos golfos Os opositores do atual governo israelense, criticam o primeiro-ministro por ter na déca...

O épico de Kiryat Shmona

Imagem
Sobre as operações de enganação realizadas pelos egípcios afim de garantir a surpresa no ataque de 06 de outubro de 1973, dois pesquisadores da CIA escreveram o seguinte:  Having ruled out the possibility of total war, American and Israeli leaders failed to foresee a limited war because the signals they were receiving did not fit into their preconceived frameworks. É uma conclusão tão óbvia, que nem precisaria ser escrita porque é a generalização de toda ação de camuflagem e confusão perpetrada em guerras: falsear o esperado, mas executar o inesperado. Mestres espiões e generais uníssonos sobre uma mesa de xadrez são figuras de ficção, na realidade não existem. A guerra, como toda empreitada humana de grande escala, tanto é executada quanto planejada por múltiplos. Assim, planos mirabolantes estão fadados ao fracasso, mesmo sem ação do inimigo. Por discordância internas e falta de capacidade operacional dentro do próprio grupo aliado. O movimento de um exército em direção à guerra ...

As cabras que morrem

Imagem
Como quando bebês aprendendo a falar, aprendi inglês não no cursinho da tradução, mas do jeito infantil orgânico. Apple para mim é apple, não é maçã. Até aqui quantas palavras estão neste texto? Conte e repare no sentido primeiro de cada uma para você e piscarás no teu cérebro uma sucessão de imagens e acionamentos de redes neurais: emaranhados mentais que dão sentido as letras. Letra , que no dicionário Michaelis define-se assim: - Letra: (sf); (1) cada um dos sinais gráficos que representam um fonema ou um grupo de fonemas e servem para registrar a oralidade em linguagem escrita. Com exceção talvez da própria Henriette Michaëlis, ninguém guarda na mente essa definição do que significa "letra". Cada um é só, na forma como define o que é "letra" e qualquer outro substantivo. O significado das coisas depende da olhar do significador, mas tem hora que acho faria bem cada um ter um Michaelis fincado na cabeça: viveríamos no paraíso talvez. "É pecado matar, seu Pad...

Conflito eterno de uma mente sem abrigo

Imagem
Campainha-azul, minha versão de manuelzinho-da-crôa É a pino o sol e a peleja arde no debaixo, flagelando o sertanejo e o jagunço. Até que em vistas surge um manuelzinho-da-crôa canelando na sombra boa de um galho dedado, e mesmo que por átimo pequeno, do açoite os homens se esquecem. O manuelzinho-da-crôa muitas vezes já sentivi e cada lembro das diferentes cores, andamentos e voamentos. Porque ave essa que Diadorim tanto admirava, pássaro não era em si o de voar ou bicar, mas o jeito de ser e um ser visto que não se barrava só nos olhos, senão no sentir daquilo que tu se procura não achas, vez que um, paz só pode sentir quando do contraste da guerra que era alta e de repente se recolhe, na serenidade daquela avezinha em balé de graça alheio à baleira. Avezinha de cantarilhar ecoado, que quase não se ouve e quando sim é forma diminuta no quadro de guerra à frente. Há que se esquecer do chumbo, do aço e do sangue e vistas cerrar em pontinho azul e amarelo na árvore. A pois que a be...

Hounds reclusos

Imagem
Muito que achei saber, espanto e até meio rubor tive surpreendido pelo Rio Samburá. Sendo esse a verdadeira nascente do Velho Chico, ali nos Medeiros, não no alto-da-serra. Samburá é mais espichado, dizem os geógrafos e certos estariam não fosse a aura do rio que escorre. Rio-santo, que em tendo nome de São e banhando o Bom Jesus na Bahia, a Abadia no Porto e tantos outros, nascente sua não se mede por espicho, mas por lonjura daquilo que profano é. Pouco que se vê de gente ali naquelas veredinhas de águas frias, ventania sem descanso, sol sem sombra no sertão quieto da Canastra. Um que de manhãzinha inconsciente caia aos pés da frenética Lagoinha na capital, e acorde trazido para a beirinha do pé de São Francisco deitado sobre as flores da serra velha, no paraíso de Nosso Senhor acharia estar. Nu em pelo, ali se encontram campeiros, bandeiras, guarás e canastras. Nu sem pelo, ali um léguas poderia nadar, sem outro semelhante topar. As treze poderia jantar e as vinte almoçar, sem que...

Ô peão

Imagem
Primeiro morreram-lhe o empreito e o cavalo, agora matam-lhe a choupana e o respeito. Pois que sertão não são as aroeiras e gabirobas, mas sim as raízes do pensar que transcende o próprio peão, na sua parte de elo da corrente invicta desde o Padre Feijó. São as encruzilhadas que formam o sertão, cruzadas por peões que em círculos trotam para dele nunca sair.  Este peão aqui, reto decidiu adiante ir. Amigo de Sesfredo e Fafafa meia légua adiante mora. Meia que ligeiro se vence, à trinta não tarda estará. Violeiro de querer-muito, sem cordas sempre sons tinou na imaginação. Air-violeiro embora se vai, porque viola sua não toca mais "Caminheiro" nem "Fogão de lenha". Agora é peão sem sertão. A fogueira, a noite Redes no galpão O paiero, a moda O mate, a prosa A saga, a sina O causo e onça Tem mais não Ô peão

Not-Furya, but BSB

Imagem
Overlord é o codinome da mais soberana de todas as operações de guerra: a invasão da Normandia em 1944. Incontáveis histórias foram escritas, narradas e filmadas sobre tal batalha no norte da França. Das películas, para minha geração a mais marcante foi "O resgate do soldado Ryan", de 1998, onde havia um certo soldado chamado Adrian Carpazo. Meu avô não lutou na Segunda Guerra Mundial, mas teve seu primeiro filho na década de 1950, assim como dezenas de outros milhões de ex-soldados no ocidente. Criando bebês que os norte-americanos chamavam de "boomers". Aqui na roça faltam cinemas ainda hoje, quem dirá nos idos da segunda república. Pai e avô meus, provavelmente viram filmes sobre a Overlord juntos, talvez "Agonia e Glória" (1980) ou "O mais longo dos dias" (1962), na TV é claro. Nada de telona.  A invasão de praias com longas faixas de areia, cercadas de dezenas de aldeias charmosas, com adegas abarrotadas de vinhos e a poucos quilômetros de P...